BRASÍLIA e RIO - Os cariocas poderão participar mais ativamente do que nunca da geração da energia elétrica que consomem. A Agência Nacional de Energia Elétirca (Aneel) aprovou nesta terça-feira um projeto da empresa Adabliu Eventos, em parceria com a Prefeitura do Rio e com a Light, para geração de energia a partir dos passos, pedaladas e demais esforços dos usuários de academias públicas instaladas na cidade.
“O projeto consiste na geração de energia a partir do movimento gerado por pessoas durante a prática de esportes, utilizando-se da energia cinética advinda da rotação de bicicletas ergométricas, esteiras e aparelhos de spinning, por exemplo. Trata-se, portanto, do reaproveitamento de uma energia que seria desperdiçada caso não fossem utilizados sistemas de conversão eletromecânica do trabalho realizado durante a prática desportiva e injeção da eletricidade na rede de distribuição de energia elétrica”, escreveu em seu relatório sobre o tema o diretor Reive Barros dos Santos.
Em seu pedido de autorização para compartilhar a energia gerada nas academias com a rede de distribuição da Light, os autores do projeto destacaram a “sustentabilidade, bem-estar à população e conscientização do uso eficiente da energia elétrica”. Placares eletrônicos instalados nas academias permitirão acompanhar qual a quantidade de energia gerada pela malhação de cada um. As unidades deverão gerar entre 100 kilowatts e 1 Megawatt.
A experiência, que já existe em outros países – a mais famosa é a “Green Heart”, na Inglaterra — é a primeira no Brasil de geração de energia a partir de “força matriz humana”, o que levantou uma discussão pouco comuim e bem-humorada na reunião da diretoria da Aneel na segunda-feira. O diretor Tiago Correa, em tom de piada, diz que trata-se de geração a partir de “biomassa”, uma força motriz já prevista na regulação de fontes sustentáveis e incentivadas.
Segundo a Aneel, projetos similares instalados em outros países mostram que o uso desse tipo de aparelhos de ginástica por apenas 40 pessoas durante uma hora por dia pode produzir o equivalente a 60 kWh mensais, o suficiente para manter acesas 20 lâmpadas durante 10 horas por dia durante todos os dias do mês.
— O projeto tem o caráter pedagógico de deixar consumidor mais ativo com relação à geração de energia elétrica — disse Hugo Lamin, da Superintendência de Regulação Econômica da Aneel.
Segundo pessoas a par do projeto, a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer do Rio poderá compensar a geração de energia a partir das academias públicas no consumo de outras unidades de consumo sob seu controle, como creches e postos de saúde. Dessa forma, seria reduzida a conta de luz da Prefeitura.
— O risco é esses atletas quererem ser remunerados (pela energia gerada)! — brincou Barros, após votar pela aceitação do pedido.
A Prefeitura do Rio é parceira do projeto por meio do Instituto Eixo-Rio, que segundo o coordenador especial Renato Rangel, tem sempre no radar projetos focados em inovação que tragam benefício para a população. O próximo passo para levar o projeto adiante, diz Rangel, será a tomada de decisões pela prefeitura, tais como a definição da fonte de recursos: se será bancada pelo governo ou haverá a busca por patrocinadores.
A ideia da prefeitura, segundo Rangel, é ter o projeto piloto no Parque de Madureira, que detém infraestrutura sustentável em outros queistos, tais como iluminação de LED e captação de água da chuva.
- O parque é o de maior sucesso na cidade - destaca Rangel.
O papel da Light no projeto Spinning Verde, segundo a engenheira Priscila Ferreira, será avaliar as conexões e equipamentos, garantindo a segurança da rede, além de fazer a avaliação e liberação dos projetos e dar apoio operacional e técnico.
No Brasil, o sistema de compensação está em vigor para geradores a partir de fontes solar, eólica, hídrica e biomassa desde abril de 2012. Segundo a Aneel, mais de 250 consumidores já instalaram painéis solares e pequenos geradores eólicos em suas residências e comércios e estão se beneficiando dos créditos gerados. A rede da Light