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Conselho Federal de Medicina proibe uso de hormônio ou substância antienvelhecimento

Conselho Federal de Medicina proibe médico de usar hormônio ou substância para reverter envelhecimento


JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA - Folha de São Paulo

A indicação e a divulgação do uso de hormônios e outras substâncias com o objetivo de prevenir ou reverter o envelhecimento passa a ser uma prática vedada a médicos.

É o que determina uma resolução do CFM (Conselho Federal de Medicina), que já havia sido publicada como recomendação em agosto e agora tem força de lei para médicos.

Segundo o texto, a reposição hormonal só pode ser feita quando houver um deficit comprovado da substância e nos casos de o benefício dessa reposição ser cientificamente provado ou de haver um nexo causal entre a doença e a falta do hormônio.

Ou seja, fica proibido indicar doses extra de hormônios para pacientes que têm níveis normais da substância.

O texto também proíbe a prescrição de vitaminas, antioxidantes e dos chamados hormônios bioidênticos (com estrutura igual à do hormônio natural) com o apelo do antienvelhecimento.

O conselho entende que não há evidência científica que respalde essas terapias.

"Não se pode vender uma ilusão. E uma ilusão que custa caro", afirma Gerson Zafalon, relator da resolução.

Uma prática atual --e agora condenada-- é a de aumentar o nível hormonal para além do considerado normal para a faixa etária com o objetivo de aumentar a massa muscular, diz Silvia Pereira, da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

A sobrecarga no corpo pelas práticas agora proibidas, explica a médica, pode desencadear problemas como diabetes, hipertensão, distúrbios do sono e câncer.

A norma, que deve ser publicada hoje no "Diário Oficial da União", tem validade imediata. O médico que não cumprir fica sujeito a punições que vão da censura reservada à cassação.

E o conselho ainda prepara nova resolução para regular a prática ortomolecular.

OUTRO LADO

O presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo do Envelhecimento, Wilmar Jorge Accursio, faz ressalvas a algumas informações técnicas divulgadas pelo CFM, mas elogia o fim das promessas de transformar o paciente num "super-homem".

Accursio defende a indicação de hormônios só quando há deficiência. E diz que não há nada contra o hormônio "bioidêntico"; o problema, segundo ele, é o discurso de que ele é inofensivo.

A médica Luciana Aun, autora do livro "Segredos do Antienvelhecimento" (ed. Livre Expressão, 165 págs.), afirma que a prática é mal compreendida até por causa do nome. "Não é uma coisa feita para estética, por motivos banais. É para prevenir as doenças da velhice."

Segundo a cirurgiã, é preciso mesmo limitar o uso de hormônios. No entanto, afirma que a resolução do CFM foi feita com base em pareceres dos médicos geriatras, que, para ela, estão atacando algo que "não conhecem bem". "Médicos sérios estão sofrendo com isso."

Já para Edson Luiz Peracchi, presidente da Academia Brasileira de Medicina Antienvelhecimento, a resolução é "frustrada", ilegal e não vai impedir prescrições baseadas em justificativa técnica.

"É uma tentativa de estancar a evolução científica, permitindo que a geriatria fique na mão do médico que trata o velho e não em quem trabalha com a prevenção."

A empresária paulistana Keila Rastelli Galebe, 39, é adepta do antienvelhecimento há cerca de seis anos. Ela toma vitaminas e antioxidantes. "Já fiz duas cirurgias para troca de válvula do coração. Depois que comecei o tratamento, para minha surpresa, minhas próteses não se desgastaram mais."

Keila diz que nunca tomou hormônios. "Aprendi a me alimentar melhor, com proteínas magras, castanhas e alimentos integrais."

Editoria de Arte/Folhapress

 

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