Quadro: Antrofagia - Tarsila do Amaral
Flávio Barros
Nos “antigamentes” ter ou ser reconhecida a sua sexualidade diferenciada do seu próprio sexo eram motivos de xingamentos, agressões físicas e discriminações sociais. Ao gay, junto com outras minorias sociais: negro, índio, latino, empregada doméstica, nordestino, favelado, etc., o reconhecimento da sua escolha, raça, situação econômica ou referência do ponto geográfico do seu nascimento poderia ser uma ofensa, gerada por entendimentos comuns da época firmados em preconceitos. O ofendido pouco podia fazer, não dispunha de recurso legal ou apoio geral na sociedade para reagir. Hoje em dia cada vez mais essa situação está mudando. Os ofendidos pelos preconceitos dispõem de meios legais e claros apoios da sociedade para punir os seus ofensores.
Tudo está mudando, os dias de hoje podem ser comparados aos dias de ontem, mas precisamente em 1922 quando iniciou a Semana da Arte Moderna, movimento nacionalista de artistas do eixo São Paulo/Rio de Janeiro que tinha como objetivo valorizar e ter a cultura nacional como referencial da nossa vida, que até então baseava os seus valores e culturas no tradicionalismo europeu. Era uma realidade que foi rasgada por intelectuais e outra realidade foi construída como espelho e base da nossa nacionalidade. Historicamente, os intelectuais nunca foram detentores do poder. Ocasionalmente, alguns intelectuais podem ter ocupado o poder, mas não eram diretamente representativos, sempre foram patrocinados por mecenas, permeando e sendo atrativos nas festas e sociedade dos poderosos. Tudo mudou, os intelectuais estão no poder. O hoje se iguala ao ontem de 1922, a realidade que nos trouxe à violência urbana foi rasgada e outra verdade está surgindo. A verdade das minorias e dos enganados.
Essa realidade que surge com novas verdades só foi possível através da eleição do governo Lula, prosseguindo no governo Dilma. Os intelectuais, no decorrer do tempo, aos poucos vinham mexendo com os tabus, sexualidades e comportamentos sociais através da televisão. Mas a censura de um modelo social vigente e a repressão de comportamentos diferenciados eram fortes, mesmo após a ditadura militar. A construção de um novo modelo foi silenciosa, principalmente nas universidades, faculdades das Ciências Sociais, Humanas e Artes fizeram as bases dessas mudanças atuais. Assistentes sociais, jornalistas, artistas, filósofos, pedagogos, cientistas políticos e demais trabalhavam num mesmo sentido. Agora os intelectuais, artistas e verdadeiros representantes sociais querem e ocupam cada vez mais o poder de fato! Essa é a nova realidade que a cada dia se fortalece, questionando e deixando para trás a velha representatividade política profissional, que mergulhou nos nossos impostos tal qual o muquirana “Tio Patinhas” na “sua” montanha de ouro.
O surgimento dessa nova realidade teve um preço alto. E esse preço foi a articulação de um novo modelo político que chegava ao poder, representado pelo Lula presidente, com parte da elite dominante que, pela sua condição e influência econômica e política, era um país dentro Brasil. De lá pra cá coronéis da política, das terras e da economia foram sendo desmobilizados, ao mesmo tempo que se operava a substituição de interlocutores com a realidade nacional e internacional, louvores extraordinários eram dados como garantias de troca de estabilidade política/econômica no Brasil. Lula era o “Cara”! Resistências ao novo surgiram e estrategicamente casamatas e bunkers econômicos foram destruídas. Isso teve um preço ao novo, mais uma vez foram sacrificados os seus líderes, politicamente e moralmente. É a baixa de uma guerra social, por um melhor comum! Mas a consciência da intelectualidade pela ocupação do poder político está nas ruas, sustentada por baixo de múltiplas e jovens máscaras que formam redes de comunicações nas novas tecnologias e velhas ansiedades de mudanças, ávidas nas participações sociais. É tempo de ceder ao novo!
Vem com nós!!!
Cabeça erguida firmeza, isso mesmo rapaz
parece sonho né, mais ia se bem loco se a paz
tivece dentro de cada parcero
não só nos adesivos ou nos chaveiro
ja penso se eu conseguice essa fasanha
faze o presidente cumpri as promessas de campanha
e ve, meu povo a pampa, como eu queria,
que as drogas fossem transformadas em comida
e que as armas viracem livro pra mulecada
mais por enquanto tudo que eu tenho são palavras,
promete ou muda a cara da quebrada
sera que algum doutor consegue essa plastica?
até tento hó, só que não so nenhum Pitangui
talvez a educação fosse o bisturi
pra arranca as ruga do preconceito
as marca que a violencia dexo com o tempo.
[refrão] 2x
Venha o que vier, cabeça em pé,
pra segui sempre em frente,
mesmo se não dé, fica na fé,
Deus não abandona a gente.
"Sempre simples, humildão, todas são planos,
estão sempre olhando, é preciso se você almeja.
a vida não para, não da pra vacila,
sonhe e acredite que tudo vai muda."
Mais pra muda não pode dexa chapéu atola
se a comunidade desanima pode para
se insiste paga pau pra modelo chic
ela nem quer sabe se você existe
ta poco se lichando se meu povo morre
liga mais pra celulite ou lelite
vo te faze um convite
levanta da poltrona irmão,
sai do cabide, reage, vive,
a vida é lu, poem a lu, entra no ringue,
a final a vitória não vai vim de brinde.
[refrão] 2x
"Nunca, nunca, desanima, só depende de você,
sempre insisti e sonha, isso é o que me faz vive"
[refrão] 4x