Com poucas diferenças entre eles, atualmente são cinco os medicamentos disponíveis no Brasil que atuam como inibidores da enzima PDE-5 (fosfodiesterase tipo 5) usados para tratar a disfunção erétil (veja tabela abaixo). De acordo com especialistas, a eficácia das drogas gira em torno dos 70% dos casos, mas pode variar de acordo com o paciente e também com as causas do problema.
Para o urologista André Cavalcanti, diretor da Sociedade Brasileira de Urologia, antes de estabelecer um grau de eficiência, é preciso definir se a disfunção erétil é causada por questões orgânicas ou psicológicas.
"Existe sempre um componente psicológico no paciente de disfunção erétil. Nestes casos, o medicamento também pode ser útil", afirma o especialista.
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Viagra é um dos mais conhecidos medicamentos contra impotência sexual |
Pioneiro, o Viagra (sildenafil) é a opção mais conhecida. Para medir a vantagem da pílula azul com relação aos outros medicamentos, a empresa utiliza o ERE (Escala de Rigidez de Ereção), que adota quatro pontos para medir o grau de rigidez da ereção.
A escala varia entre situações em que o pênis cresce, mas não é rígido, ao pênis completamente rígido. Segundo a Pfizer, o Viagra atinge o grau máximo.
No entanto, a vantagem do Viagra quanto à rigidez ideal do pênis é contestada pelo laboratório Eli Lilly, que desde 2003 produz o Cialis (tadalafil). "Até onde sabemos, não há estudos científicos para fazer esta comparação", diz o diretor de marketing da empresa, Antonio Alas.
Ele cita como a principal vantagem do Cialis o seu tempo de ação no organismo, que vai até 36 horas --contra de 4 a 8 horas dos concorrentes.
Também lançado em 2003, o Levitra, da Bayer, utiliza como princípio ativo o vardenafil. Seu diferencial está no fato de ser vendido em embalagens de uma unidade.
Utilizando o mesmo princípio ativo, o Vivanza chegou ao mercado no fim de 2005 como "espelho" do Levitra. Fabricado pelo laboratório brasileiro Medley, a vantagem do fármaco, segundo a empresa, está no início de sua ação --a partir de 10 minutos após sua ingestão.
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Ação no organismo do Cialis, fabricado pelo laboratório Eli Lilly, pode durar até 36 horas; concorrente do Viagra foi lançado em 2003 |
"Para as três primeiras drogas que já foram amplamente estudadas, o vardenafil apresenta, em estudos laboratoriais, maior potência quando comparada ao sildenafil e ao tadalafil", afirma Cavalcanti.
Nacional
Lançado em janeiro deste ano, o Helleva é o mais novo concorrente no mercado de inibidores da enzima PDE-5. O medicamento, que tem como princípio ativo a lodenafil, é produzido pelo laboratório Cristália em uma fábrica no interior de São Paulo.
O Helleva tem duração semelhante ao do Viagra, com o início da ação entre 17 e 20 minutos, de acordo com o urologista Gilvan Neiva Fonseca, que participou das pesquisas que ajudaram a desenvolver o medicamento.
O laboratório aponta o preço do Helleva como um dos diferencias do medicamento. O Helleva é vendido em farmácias com preço máximo ao consumidor de R$ 91 (caixa com 4 comprimidos de 80 mg), enquanto uma caixa do Viagra com a mesma quantidade de comprimidos sai entre R$ 109 (25 mg) e R$ 188 (100 mg).
Contra-indicações
Segundo Fonseca, que é chefe do serviço de urologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás, os diferentes radicais farmacológicos encontrados no mercado atualmente atuam de forma parecida. "A diferença está na forma como ele irá atuar em cada pessoa. A preferência depende do resultado no paciente", afirma.
Ele explica que, em algumas ocasiões, as drogas podem inibir um tipo de fosfodiesterase diferente do tipo 5 --relacionada à disfunção erétil-- o que causa os efeitos colaterais.
Em termos gerais, o especialista aponta que os pacientes podem apresentar dores de cabeça, calor no rosto, "queimação" no estômago, dores musculares e rubor facial. Pesquisas citadas por Fonseca mostram que os casos de reações indevidas às drogas são observadas em no máximo 15% dos pacientes.
"Nenhum dos medicamento podem ser utilizados com derivados de nitratos, drogas usadas para dilatar a artéria coronária ou melhorar o fluxo coronariano. A associação pode causar queda de pressão arterial, causando uma isquemia da coronária e até podendo causar infarto", afirma o médico.
"Piratas"
Fonseca também alerta para o aumento do uso de medicamentos que não têm sua origem identificada, como o Pramil, facilmente encontrado na internet.
"Não recomendo porque não sabemos qual é o princípio ativo, concentração, veículos que são associados a este medicamento", afirma.
O especialista trata a disfunção erétil como um sintoma que pode esconder um problema maior, levando a conseqüências mais graves, como um infarte. "A disfunção erétil é uma patologia que tem que ser tratada como disfunção endotelial [relacionada às paredes internas das artérias]."
Remédios para disfunção erétil | |||||
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MEDICAMENTO | Viagra | Cialis | Levitra | Vivanza | Helleva |
LABORATORIO | Pfizer | Lilly | Bayer | Medley | Cristália |
PRINCIPIO ATIVO | Sildenafil | Tadalafil | Vardenafil | Vardenafil | Lodenafil |
DURAÇÃO DA AÇÃO | de 4 a 6 horas | até 36 horas | de 4 a 8 horas | de 4 a 8 horas | de 4 a 6 horas |
CONTRA-INDICAÇÃO | Nitratos | Nitratos | Nitratos | Nitratos | Nitratos |
Fontes: André Cavalcanti, chefe do serviço de urologia do Hospital Souza Aguiar, no Rio de Janeiro. Gilvan Neiva Fonseca, chefe do serviço de urologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás