SÃO PAULO - Vinte e nove segundos. Este foi o tempo reservado para mostrar um feito histórico que pode mudar a vida de muita gente: um paraplégico conseguiu ficar de pé e chutar uma bola durante a cerimônia de abertura da Copa do Mundo, na Arena Corinthians, nesta quinta-feira. O voluntário Juliano Pinto, 29 anos, vestia um exoesqueleto, uma estrutura robótica que o manteve de pé, cumprindo promessa feita pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis. Mas foi corrido, e Nicolelis reclamou.
- A Fifa nos informou que nós teríamos 29 segundos para realizar um experimento dificílimo. Nunca ninguém fez uma demonstração em 29 segundos de robótica, e nós realizamos em 16 - disse Nicolelis, que ainda alfinetou a organização do evento: “Pelo visto, a Fifa não estava preparada para filmar um experimento que vai ser histórico”.
Na transmissão oficial, exibida por emissoras em todo o mundo, a cena durou sete segundos, mostrando a bola rolando e sendo logo recolhida por um menino caracterizado de árbitro de futebol.
Juliano Pinto, 29 anos, com exoesqueleto, faz demostração da pesquisa de Miguel Nicolelis em campo - Reprodução da internet
“We dit it!!!” (Conseguimos), comemorou Nicolelis pelo Twitter, após a demonstração, que, no entanto, frustrou aqueles que aguardavam há anos pelo desfecho. Em entrevistas anteriores, Nicolelis contava que o paraplégico andaria pelo meio do campo, com a grama sob seus pés e daria o pontapé inicial da Copa do Mundo
Restrito à lateral do campo, o paciente do projeto Walk Again (Andar de Novo) estava em cima de um tapete vermelho e com pouco destaque durante a apresentação de abertura. Nas redes sociais, houve um misto de parabenizações e críticas à pouca atenção dada à demonstração.
Juliano ficou paraplégico em 2006, depois de sofrer uma lesão medular num acidente de carro em Gália, em São Paulo.
O Comitê Organizador da Copa do Mundo informou que a demonstração ocorreu fora do campo para não prejudicar o gramado por causa do peso do equipamento.
Por meio de nota, Nicolelis ainda celebrou: “Foi um grande gol dessas pessoas e da nossa ciência”, disse o neurocientista, que acrescentou. “É só o começo de um futuro em que pessoas com paralisia poderão abrir mão de cadeiras de rodas e, literalmente, andar de novo”.
A pesquisa teve financiamento do National Institutes of Health, nos Estados Unidos, mas o treinamento para o chute foi realizado em São Paulo, no Laboratório de Neurobótica da Associação Alberto Santos Dumont.Venda de exoesqueleto que ajuda paraplégicos a caminhar é aprovada nos EUA
Venda de exoesqueleto que ajuda paraplégicos a caminhar é aprovada nos EUA
RIO - A agência americana que regulamenta medicamentos e alimentos (FDA) aprovou a comercialização do ReWalk, primeiro exoesqueleto a ter a comercialização autorizada nos Estados Unidos pelo FDA, órgão que regula alimentos e remédios no país.
O ReWalk, exoesqueleto da empresa americana Argo Medical Technologies - Divulgação
Fabricado pela Argo Medical Technologies, o equipamento motorizado possibilita a paraplégicos caminhar com a ajuda de muletas e acompanhantes. O dispositivo é colocado sobre as pernas e o torso e carrega motores que permitem o movimento nos quadris, nos joelhos e nos tornozelos.
Por meio de um controle remoto usado no pulso, o usuário envia comandos para ficar em pé, sentar-se ou caminhar. O kit inclui sensor de inclinação e mochila com a bateria. Pacientes e cuidadores terão que receber um treinamento dos fabricantes para a utilização do exoesqueleto, cujo preço é estimado por analistas em cerca de US$ 85 mil.
Este mês, um exoesqueleto distinto, que funcionaria a partir de comandos cerebrais e foi desenvolvido pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, gerou controvérsia durante a cerimônia de abertura da Copa do Mundo, em São Paulo.
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