Rio de Janeiro, Santa Teresa: 27/03/2014
Uma parede grafitada com a frase "Mais amor, por favor", em Santa Teresa, região central do Rio, foi o pano de fundo de uma confusão envolvendo policial e pessoas que protestavam contra a demora nas obras e a falta de informação na reforma dos bondes do bairro, nesta terça-feira (25). O artista plástico Luis Delgado Zorraquino foi retirado à força da rua com um "mata-leão" por um PM à paisana enquanto tentava impedir a passagem de um trator no Largo dos Guimarães. A confusão acabou na delegacia.
Um vídeo enviado ao VC no G1 mostrou o artista já imobilizado (veja acima), com uma ativista gritando "covardes". Após a publicação da reportagem, o Governo do Estado entrou em contato com a equipe de reportagem do G1 e enviou um outro vídeo (assista ao lado), gravado por um PM, que mostra os momentos antes da imobilização.
Nas imagens, os policiais pedem a retirada dos manifestantes da via por várias vezes, enquanto o grupo senta no chão e grita por resistência. Os PMs avisam que os ativistas serão retirados com "força policial" caso não colaborem. Sem sucesso, eles puxam homens e mulheres pelos braços para retirá-los da rua. Uma mulher, cuja identidade não foi divulgada, e os artistas recebem voz de prisão por desacato. Após deitar no chão, o homem é retirado e parece dar um tapa na câmera do policial, sendo então imobilizado com uma "gravata".
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Segundo os moradores, mais uma intervenção na rua atrapalharia o tráfego na região que anda "caótico". "Ele se jogou no chão para fazer um protesto e o agente deu uma chave-de-braço. Ele nem reagiu, não tinha mais o que fazer", explicou ao G1 nesta quinta-feira (27) a moradora Viviane Codeço, que participou do ato e gravou um dos vídeos.
Segundo o comando do 5º BPM (Centro), o manifestante reagiu à ordem de saída e desacatou os policiais. Após o desacato, o oficial — que voltava de uma consulta e estava à paisana, segundo a PM — encaminhou o manifestante e registrou a ocorrência na delegacia.
Em nota enviada pela assessoria de imprensa, o subsecretário da Casa Civil,Rodrigo Vieira, disse que “o projeto sempre incluiu em seu cronograma a realização de frentes simultâneas de trabalho, com objetivo de reduzir o tempo de execução e, consequentemente, os impactos para o bairro” Segundo ele, desde o início da semana, "cerca de 30 pessoas vêm tentando impedir a realização da obra”.
O subsecretário acusa os ativistas de depredação: "Nos últimos dias, o grupo retirou demarcadores de fechamento da rua, rasgou a faixa de comunicação da interdição, ofendeu e ameaçou verbalmente os funcionários do consórcio e servidores públicos da Central e Casa Civil. Além disso, derrubou e arrastou barreiras de concreto, pichou e furtou a chave da retroescavadeira que estava no local”, diz o texto (leia a íntegra da nota abaixo).
Para a autora das imagens, não há um detalhamento sobre o projeto. Por isso, o trânsito na região estaria cada vez mais confuso. "Quem tem carro não consegue estacionar na rua. Quem deixou os carros na garagem não consegue tirar porque não há acesso. Eu dependo das vans, mas, várias vezes ao dia, elas não podem passar porque os caminhões de obra estão fechando o caminho", lamenta Viviane.
Veja a íntegra da nota enviada pela Secretaria de Casa Civil:
“- O projeto sempre incluiu em seu cronograma a realização de frentes simultâneas de trabalho, com objetivo de reduzir o tempo de execução e, consequentemente, os impactos para o bairro.
- O fechamento deste trecho da Rua Almirante Alexandrino foi discutido e estudado juntamente com a CET-RIO e SMTR, que definiram as novas rotas de ônibus e as medidas de comunicação e mitigação de impactos.
- Desde o início da semana, quando os funcionários do consórcio tentaram iniciar os trabalhos no trecho interrompido, cerca de 30 pessoas vem tentando impedir a realização da obra. Nos últimos dias, o grupo retirou demarcadores de fechamento da rua, rasgou a faixa de comunicação da interdição, ofendeu e ameaçou verbalmente os funcionários do consórcio e servidores públicos da Central e Casa Civil. Além disso, derrubou e arrastou barreiras de concreto, pichou e furtou a chave da retroescavadeira que estava no local.
- Durante todo este período, a Polícia Militar esteve presente para garantir a segurança da população e dos funcionários.
- Com relação ao vídeo publicado na matéria, a versão editada não retrata a realidade dos fatos. O efetivo da PMERJ no local solicitou, por diversas vezes, a liberação da pista, não tendo sido atendido. Após inúmeros pedidos, os policiais informaram que utilizariam a força policial, e só então levantaram os manifestantes que ainda se recusavam a deixar o local. O Sr. Luis Delgado Zorraquino foi levantado e novamente sentou-se e deitou-se, desafiando a ordem da autoridade policial. Ao tentar levantá-lo novamente, o Sr. Luis desferiu golpes contra a câmera da polícia militar e contra o oficial responsável, tendo, por isso, recebido voz de prisão e sido imobilizado.
Cabe esclarecer ainda que o mesmo grupo tem tentado impedir e prejudicar o andamento dos trabalhos, Em anexo, seguem imagens onde é possível verificar que o veículo utilizado para danificar o trecho de trilhos em fixação pertence a um dos participantes do protesto."
Trecho da nota de repúdio da Associação de moradores:
Ao contrário da atual administração estadual e das empresas por ela contratadas, que não conhecem o bairro, a AMAST e moradores já acompanharam de perto duas obras de restauração do sistema. Aquela que foi realizada nos anos 90 e aquela dos anos 2000. Ninguém melhor, portanto, que os moradores e AMAST, aliás, para conhecer as fragilidades do terreno e da estrutura urbana do bairro. Esse conhecimento dos moradores e da Associação foi inúmeras vezes colocado ao dispor do governo e das empreiteiras que, sem qualquer respeito, por reiteradas vezes desconsideraram, negaram ou até mesmo desmarcaram reuniões conosco. Mesmo assim, da melhor maneira possível e através de intenso diálogo informal com os engenheiros da obra e com os moradores sempre contribuímos da melhor forma possível para o bom andamento dos trabalhos. Para concluir, é importante dizer que ao tentar desqualificar e reduzir a representatividade do movimento dos moradores e pretender que tudo não passou da agitação de um grupo de 30 pessoas com interesses político-partidários, o governo deve estar se referindo a cidadãos que, em rodízio constante, ao longo de 90 horas, debaixo de sol e chuva, garantiram uma presença constante do movimento de resistência no Largo do Guimarães e na Praça Odilo Costa Neto. Deve estar se referindo a pessoas que deixaram de lado suas famílias, seus compromissos e suas vidas pessoais para proteger um patrimônio que é público. Parece-nos evidente que o governo não entende que para manter a presença permanente de 30 pessoas durante tanto tempo, é preciso um grupo muito maior que garanta um rodízio constante das mesmas. Se ainda houver qualquer dúvida sobre isso, recomendamos aos interessados que acessem a página da Panela de Pressão: Não somos 30! Somos Santa Teresa! (http://paneladepressao.meurio.org.br/campaigns/433) onde, apesar de estar sendo ameaçadas de perseguição jurídica pela nota da Casa Civil, em menos de 24 horas mais de 500 pessoas já se identificaram como sendo uma das 30 que, no entendimento do governo, estariam tentando sabotar as obras de reestruturação do Sistema de Bondes de Santa Teresa. Nada disso faz sentido, Senhores. Os moradores de Santa Teresa querem, sim, a volta do sistema que foi sucateado por este governo, responsável por 7 mortes, que agora quer nos acusar de sabotagem. Queremos sim as obras, mas não podemos aceitar que, por conta da inépcia e despreparo dos responsáveis, nossas vidas seja pisoteadas e transtornadas. Existem outras maneiras de fazer as coisas e nós sabemos quais são.
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03/12/2014 10h36 - Atualizado em 03/12/2014 10h53
Idosa que levou "gravata" fez queixa do segurança do Congresso
A aposentada Ruth Gomes de Sá, de 79 anos, prestou queixa na 5ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal após ter sido agredida por um segurança do Congresso Nacional nesta terça-feira (2). Uma sessão plenária que votaria o projeto de lei que altera a lei de diretrizes orçamentárias terminou em confusão. A cena foi registrada pela TV Globo (veja na reportagem acima). Procurada pelo G1, a assessoria do Senado Federal não se manifestou sobre o segurança até o fechamento desta reportagem.
Segundo Ruth, o segurança deu "uma gravata" nela. "Um segurança agarrou no meu braço e me puxou. Ele me deu uma gravata e me arrastou de costas com o braço no pescoço e outro na minha cintura, me arrastando [...] Ele me apertou o pescoço que chegou a ficar dolorido na ocasião [...] Revolta!", disse.
A aposentada contou que costuma ir ao Congresso para se manifestar e defender os direitos dela. O tumulto começou nesta terça quando o presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), determinou a retirada de manifestantes contrários ao projeto de lei da galeria do Plenário da Câmara dos Deputados e suspendeu a sessão.
Ele deu a determinação à Polícia Legislativa após a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) protestar contra supostas ofensas à senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que discursava da tribuna. De acordo com a deputada, a senadora foi xingada de "vagabunda" por manifestantes, mas, segundo o líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA), eles gritavam "vai para cuba".
O biólogo André Laudanna veio a passeio para Brasília e disse que não esperava essa confusão no dia da visita dele ao Congresso Nacional.
"Teve muito empurra-empurra dos seguranças misturados com as pessoas e com os deputados. Eu vi um senhor caído no chão.[...] Um despreparo total. Totalmente. É um absurdo alguém técnico, uma pessoa que tem uma técnica, policial, pegar uma senhora com uma gravata", afirmou.
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