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"Marca passo cerebral" é testado contra Alzheimer

 

11/05/2013 - 22h29

Médicos brasileiros estão começando a usar uma técnica ainda experimental para o tratamento de alzheimer.

Ao menos dois pacientes, uma no Rio e outro em São Paulo, receberam um aparelho conhecido como "marca-passo cerebral", já usado há cerca de 20 anos em pacientes com mal de Parkinson.

Neles, a estimulação cerebral profunda ajuda a melhorar os movimentos comprometidos pela doença. Nos doentes com alzheimer, o objetivo também não é curar nem reverter a degeneração do cérebro, mas retardar a progressão da doença.

A nova técnica começou a ser empregada há cerca de três anos por um grupo de médicos de Toronto, no Canadá, liderado pelo pesquisador Andres Lozano.

Editoria de Arte/Folhapress

Alexandre Amaral, neurocirurgião do Hospital Federal dos Servidores do Estado do Rio e que participou de uma das operações no país, diz que, no caso do alzheimer, a região escolhida para receber o estímulo é o fórnix, ligada ao acesso às memórias.

"Fazemos dois pequenos furos na cabeça e passamos um eletrodo que é fino como um cabelo." O aparelho que envia os pulsos aos eletrodos é posicionado na clavícula, por baixo da pele.

De acordo com Manoel Jacobsen Teixeira, professor de neurocirurgia da Faculdade de Medicina da USP e que também participou das cirurgias, o que se espera é uma melhora global da memória.

Daniel Ciampi, da divisão de neurocirurgia funcional do Hospital das Clínicas, explica que a evolução dos pacientes operados será avaliada com a ajuda de testes neuropsicológicos, além da percepção dos próprios cuidadores dos doentes. Ciampi, que acompanha um paciente operado em São Paulo, diz que é preciso ser realista sobre os resultados. "Até agora, não houve mudança nem piora."

Os estudos científicos sobre a técnica ainda são iniciais. Em 2012, o grupo canadense pioneiro na cirurgia publicou resultados de cinco pacientes após um ano de estimulação. Foi observado incremento no metabolismo cerebral e melhora clínica.

Agora, diz Amaral, 17 pacientes serão submetidos à técnica em uma pesquisa a ser realizada no Hospital dos Servidores, no Rio. "Todos têm menos de 60 anos. O método ainda não é indicado para os mais velhos."

Segundo o neurocirurgião Eduardo Barreto, que integrou a equipe do procedimento feito no Rio, pacientes só podem passar pela operação após extensa avaliação.

Paulo Caramelli, professor de neurologia da Faculdade de Medicina da UFMG, diz que os resultados iniciais do "marca-passo" são promissores, mas a estimulação não interfere no mecanismo básico da doença, que é a acumulação de proteínas beta-amiloide no cérebro.

"Os medicamentos estão aquém do que gostaríamos, mas ao menos já foram testados em milhares de pessoas e têm um efeito considerável em parte dos pacientes."

 

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