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Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR)

RJ - Rio de Janeiro - Gávea

Seminário Teoria da dupla vítima: Cuidado de casais idosos

Uma pessoa idosa pode cuidar de outra?

Ao apresentar o tema “Teoria da dupla vítima: o cuidado de casais idosos”, o geriatra argentino José Ricardo Jáuregui discutiu situações de cuidado inapropriado em casais de idosos que vivem sozinhos e um deles é responsável pelo outro. Um tipo de relação comum pode envolver um idoso que mantém suas capacidades funcionais e a outra pessoa idosa em condição frágil. Nesse arranjo, um deles pode chegar a um estado de esgotamento, ou os dois, desencadeando dano involuntário durante o processo de cuidado. Entre os possíveis danos – o abuso.
 
O seminário “Teoria da dupla vítima: o cuidado de casais idosos” foi realizado em parceria do Centro Internacional de Longevidade (ILC-BR) com o Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (CEPE), na tarde do dia 7 de outubro, com moderação de Alexandre Kalache – presidente do ILC-BR - e participação dos debatedores Ina Voelcker – coordenadora de projetos ILC-BR - e Tarso Mosci – geriatra, presidente da seção Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). O expositor, José R. Jauregui MD PhD, é médico da Seção de Geriatria, do Serviço de Clínica Médica do Hospital Italiano de Buenos Aires; membro da Sociedade Argentina de Gerontologia e Geriatria; gerontólogo da Universidade de Buenos Aires. Tem doutorado em medicina pela Universidade de Salamanca, na Espanha. Fundou a Unidade de Pesquisa em Biologia do Envelhecimento do Hospital Italiano e é presidente do Comitê Latino-Americano e do Caribe da International Association of Gerontology and Geriatrics – IAGG.
 
Em sua fala sobre o cuidado inapropriado, Jáuregui analisou que “a superação do estresse e do esgotamento do cuidador evita o cuidado inapropriado, ou maus tratos, e reduz o sofrimento do cuidador sob estresse em razão da cronicidade da situação”. Para o médico argentino, os fatores de risco são a depressão do cuidador, a coabitação, relacionamento ruim anterior à velhice, pouco ou nenhum apoio familiar, inexistência de rede de suporte, doença, carga horária de cuidado inadequada e baixa autoestima do cuidador. “Em geral, o processo de estresse se transforma em violência quando ocorrem transtornos emocionais ou de conduta dos cuidadores”, diz Jáuregui.
 
A principal recomendação de Ricardo Jáuregui para a suspeita de abuso, é que o foco recaia sobre a “família em risco” e não no indivíduo sob risco. Ressaltou ainda a importância de evitar-se uma abordagem baseada na polarização “Vítima x Algoz”; da observação e avaliação do cuidador e da tomada de medidas como a separação/distanciamento dos idosos, além de que só se inicie o processo judicial quando haja certeza de que houve abuso.
 
Tarso Mosci, da SBGG, destacou a pertinência da questão levantada no seminário, assim como a importância do cuidador familiar e do cuidador profissional – trabalhador ainda em processo de reconhecimento da profissão. Trouxe, ainda, sua experiência clínica: “o idoso não quer ser um peso para sua família”. Ina Voelcker citou o caso de seu país natal, a Alemanha, onde 75% dos idosos não querem ser cuidados pelos filhos.

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